Impacto da antibioticoprofilaxia no controle das infecções relacionadas à assistência à saúde em crianças com leucemia mieloide aguda

Abstract

Objetivos: Avaliar o impacto da antibioticoprofilaxia na evolução clínica, morbidade e sobrevida das crianças com Leucemia Mieloide Aguda e identificar os principais agentes etiológicos e multirresistência bacteriana. Métodos: Coorte retrospectivo, envolvendo menores de 18 anos com LMA, exceto LMA-M3, acompanhados na Oncologia Pediátrica do IMIP no período de 2009 a 2017. Constituíram-se dois grupos: os que fizeram antimicrobianos profiláticos (grupo 1) e aqueles que não fizeram (grupo 2), com informações obtidas através de prontuários médicos. Resultados: O estudo envolveu 83 crianças, sendo 39 do grupo 1. Não houve diferença na média e duração dos internamentos por IRAS entre os grupos. A sobrevida livre de eventos em 2 anos foi 41,0% (IC95%=26-56) e 25,0% (IC95%=13-38) para os grupos 1 e 2, respectivamente (p=0,195). Em relação às bactérias, houve prevalência das gram-negativas nos dois grupos. A maioria das amostras de Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli tiveram sensibilidade diminuída para ciprofloxacino, mantendo boa sensibilidade para amicacina e meropenem. Em relação ao Staphylococcus coagulase negativo, foi vista diminuição da sensibilidade para oxacilina, mantendo-se boa sensibilidade para linezolida e vancomicina. Conclusões: A profilaxia reduziu os óbitos livres de eventos. Entretanto, a cobertura para gram-negativos está ineficaz, considerando o elevado número de infecções por essas bactérias e o alto nível de resistência dessas ao ciprofloxacino.