Avaliação da qualidade de vida dos cuidadores De idosos atendidos no IMIP: um estudo transversal

Abstract

Introdução: À medida em que um país se desenvolve, o formato da pirâmide etária se modifica, com queda nas taxas de natalidade e mortalidade, indicando dentre outros fenômenos, o envelhecimento da população (IBGE, 2016). Paralelamente a este processo, ocorre o crescimento dos fatores de risco relacionados a uma maior idade, como por exemplo, os ligados às doenças crônicas não transmissíveis e suas respectivas comorbidades. Estas, por sua vez, influenciam diretamente na qualidade de vida e na autonomia dos idosos que acabam por necessitar da presença constante de outrem no auxílio de suas atividades e cuidados básicos diários (Novais, 2011). A possibilidade de sobrecarga por conta das atividades referentes ao cuidar, demonstra a necessidade de maiores investimentos no preparo destes cuidadores informais, otimizando o cuidado, com menos riscos e dentro de seus limites, objetivando diminuir o desgaste físico e/ou emocional que essa sobrecarga pode trazer (Gonçalves, 2011). Objetivos: Analisar a associação de características socioeconômicas, demográficas e sobrecarga de atividades com a qualidade de vida dos cuidadores, familiares ou não, de idosos dependentes no domicílio, atendidos no ambulatório de clínica médica do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) em Recife. Método: Estudo descritivo, com amostra não probabilística, do tipo intencional. Por ser um estudo transversal, os dados foram coletados em um único momento, após a aceitação do sujeito em participar da pesquisa. Resultados: Predominância do sexo feminino no que concerne ao cuidado de idosos, representando 86,36% da amostra avaliada, tendo como média de idade 46 anos. 88,64% dos entrevistados afirmaram possuir algum grau de parentesco com o idoso cuidado, sendo mais prevalente o de filho. O tempo médio de atuação como cuidador daquele idoso em particular, foi de 6,5 anos, sendo o cuidado parcial o de maior expressão. Revelouse predominância da limitação física no grupo de idosos cuidados. A análise dos estressores e da qualidade de vida dos cuidadores entrevistados evidenciou que tal atividade influencia na qualidade do sono, em 40,91% deles, 20,45% não alimenta-se bem, 25% referem não ter disposição para o dia-a-dia, 20,46% não está satisfeito com suas relações pessoais e 47,72% queixa-se de sentimentos negativos, como depressão, ansiedade, mau humor e desespero. Conclusões: Evidenciou-se que a maior parte dos cuidadores de idosos são familiares, sendo esta a primeira experiência destes com tal atribuição. O grupo de maior representatividade foi o de filhos, com predominância do sexo feminino, idade média de 46 anos e ocupação como dona de casa, o que comprovou estreita relação do fato de trabalhar mais tempo em ambiente domiciliar com a escolha do cuidador principal. O tipo de limitação de maior frequência apresentada pelos idosos foi a limitação física, implicando numa necessidade de auxílio para realização de suas atividades básicas, porém não impedindo o cuidador de exercer outras ocupações, tendo relação com a maior prevalência do tipo de cuidado parcial diário. Analisando os estressores e qualidade de vida dos cuidadores, revelou-se que a atividade adicional do cuidado de idosos não tem maiores influências na qualidade do sono destes, em sua maioria, com este dado crescendo proporcionalmente ao fato de o idoso apresentar doença mental concomitante. Uma parcela mínima dos entrevistados afirmou ter algum tipo de treinamento para o exercício do cuidado de idosos, indicando maior necessidade de preparo e informação para melhor suporte ao idoso com menores influências na qualidade de vida de seus cuidadores.