Avaliação do declínio funcional em pacientes gestantes e puérperas com covid-19 internadas em uma unidade de terapia intensiva

Abstract

RESUMO Cenário: Gestantes e puérperas diagnosticadas com coronavírus disease 19 (COVID-19) podem desenvolver a forma mais grave da doença devido às alterações fisiológicas do período gravídico-puerperal. O tempo de internamento na unidade de terapia intensiva (UTI) por causa do COVID-19 pode influenciar diretamente na funcionalidade e força muscular deste grupo, levando a inúmeras complicações sistêmicas. Objetivo: Avaliar o impacto da internação na força muscular e na funcionalidade de pacientes gestantes e puérperas com COVID-19. Métodos: Foi realizado um estudo transversal, coorte, retrospectivo com coleta de dados em registros do sistema do setor das unidades de terapia intensiva COVID 1, 2 e 4 do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). Foram inclusas gestantes e puérperas com COVID-19 positivo, com idade igual ou superior a 18 anos e no caso das puérperas, com tempo de pós-parto menor que 41 dias e foram excluídas pacientes transferidas para outro setor ou com dados incompletos. As variáveis analisadas foram tempo de internamento, tempo de assistência ventilatória mecânica (AVM), tempo de bloqueador neuromuscular, tempo de sedação e as escalas Medical Research Council (MRC) e ICU Mobility Scale (IMS). Resultados: Das 235 pacientes analisadas, 87 foram incluídas. O tempo de internamento foi de 6.87 ± 8. 34 dias, tempo de AVM 8.9 dias, já o tempo de sedação foi de 7 ± 4.12 e de bloqueador neuromuscular 4,12 ± 3,62. A mediana de MRC na admissão e na alta foi de 60, já o IMS teve mediana na admissão de 1 e na alta de 8. Ao relacionar tempo de internamento com a força muscular (MRC), foi observado uma correlação negativa, onde conforme aumenta o tempo de internamento, maior é o impacto na redução da força muscular periférica, com P-valor expresso na pesquisa <0.001 e coeficiente de spearman de -0.597. Conclusão: O impacto do internamento na UTI em pacientes gestantes e puérperas com COVID-19 mostrou-se menor nas pacientes que não necessitaram de AVM e o tempo de internamento foi a variável mais significativa quando relacionado com a força muscular das pacientes, enquanto tempo de sedação e bloqueador neuromuscular não demonstraram ter relação importante com o IMS e MRC de alta das participantes da pesquisa. Palavra-chave: COVID-19; UTI; Grávidas; Força Muscular.