Impacto da Covid-19 no transplante hepático em hospital de referência no Recife: um estudo transversal

Abstract

RESUMO Cenário: O transplante hepático é considerado o tratamento de escolha para diversas patologias hepáticas. Nas últimas décadas, vinha em aumento a quantidade de transplantes realizados anualmente no Recife. Contudo, em dezembro de 2019, foi identificado o primeiro caso da COVID-19, sendo rapidamente disseminada pelo mundo, ocorrendo o primeiro caso no Recife em março de 2020. Neste contexto, em muitas instituições foi necessária uma redistribuição de recursos para manejo dessa condição. Ainda não há estudos que forneçam dados acerca do impacto da pandemia do COVID-19 no serviço de transplante hepático do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), hospital de referência nacional no procedimento. Assim, o conhecimento sobre esses dados é essencial para propor um melhor gerenciamento dos recursos de saúde e servirão de base para melhor preparo dos profissionais para as possíveis complicações causadas pela COVID-19. Objetivos: Avaliar o impacto da pandemia da COVID-19 no perfil dos pacientes submetidos a transplante hepático no IMIP, relacionando à taxa de mortalidade, ao escore MELD e ao tempo em lista de espera. Métodos: Estudo descritivo, tipo corte transversal, envolvendo pacientes submetidos a transplante hepático no período de março de 2020 a março 2021, acompanhados no IMIP. Avaliaram-se dados biológicos (idade, sexo), sociodemográficos (procedência), clínicos (Child, MELD, tipo sanguíneo), relacionados ao transplante (data, indicação, tempo em lista de espera) e relacionados ao óbito (óbito, idade ao óbito). A análise feita no IBM SPSS Statistics V. 23 apresentou distribuição de frequências e medidas de tendência central. Resultados: Incluíram-se 54 participantes, a maioria do sexo masculino, procedentes de Recife, com média de 52,2 anos e dos tipos sanguíneos A e O. Prevaleceram a Doença Hepática Relacionada ao Álcool e as hepatites virais como principais indicações para o transplante. O tempo médio em fila de espera foi de 78,5 dias, e o MELD evidenciado na admissão em lista foi de 24,5. Foram à óbito 25 (46,3%) pacientes. A letalidade foi maior em pacientes com hepatite fulminante e síndrome de Budd-Chiari. Conclusões: O perfil dos pacientes corresponde ao encontrado na literatura. Não houve redução do número de transplantes realizados, nem aumento de mortalidade durante o período estudado. Palavras-chave: Transplante de Fígado; COVID-19; Hepatologia; Adulto.