Avaliação do ganho de peso gestacional excessivo: um estudo de coorte

Abstract

Objetivo: Avaliar a prevalência e os fatores associados ao ganho de peso excessivo na gestação conforme as novas curvas de ganho de peso gestacional (GPG) adotadas pelo Ministério da Saúde. Métodos: Estudo de coorte utilizando dados do inquérito “Nutrição e infecção: o problema revisitado em função do surto de microcefalia”, realizado entre 2017 e 2019 com gestantes atendidas em uma maternidade de referência do Nordeste do Brasil. Os fatores associados ao GPG excessivo foram analisados por regressão de Poisson com variância robusta, estimando razões de risco (RR) e intervalos de confiança de 95%. Resultados: Observou-se que a maioria das gestantes (68,3%) apresentou ganho de peso gestacional excessivo, identificado em todas as categorias de estado nutricional pré-gestacional. Após análise multivariável, o GPG excessivo manteve associação significativa com o IMC pré-gestacional elevado (p < 0,001) e associação inversa com o início tardio do pré-natal (2º trimestre) (p = 0,017). Conclusão: A elevada prevalência de ganho de peso gestacional excessivo reflete o atual cenário de transição nutricional no Brasil. O estado nutricional pré-gestacional mostrou-se significativamente associado ao GPG excessivo, enquanto o início tardio do pré-natal apresentou associação inversa, que deve ser interpretada com cautela por não representar efeito protetor real. Esses achados reforçam a importância de fortalecer o monitoramento nutricional de gestantes de todos os estados nutricionais pré-gestacionais, com ênfase naquelas com sobrepeso e obesidade, garantindo orientações individualizadas e acompanhamento contínuo para prevenir o ganho de peso excessivo e promover melhores desfechos maternos e perinatais. Palavras-chave (DeCs): avaliação nutricional, nutrição materna, antropometria, aumento de peso, gravidez.