Autocontrole medicamentoso domiciliar em indivíduos cardiopatas em uso de drogas Antivitamina K: estudo piloto

Abstract

RESUMO

Introdução: A terapia com varfarina, um antagonista da vitamina K, é fundamental na prevenção de eventos tromboembólicos, mas seu manejo é complexo. A efetividade e segurança do tratamento dependem da manutenção da Razão Normalizada Internacional (INR, da sigla em inglês) em estreita faixa terapêutica, um desafio evidenciado por valores, frequentemente, subótimos do Tempo na Faixa Terapêutica (TTR). Objetivo: Verificar a efetividade e segurança de um modelo de automonitoramento do INR com acompanhamento remoto na qualidade do controle anticoagulante de pacientes atendidos no serviço de cardiologia do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). Métodos: Estudo piloto com um grupo de pacientes em uso de anticoagulante oral de longo prazo (varfarina), com avaliação do TTR pré e pós-intervenção. Intervenção: programa de telemonitoramento para pacientes em uso contínuo de varfarina com duração de três meses com acompanhamento via remota por pesquisadores via aplicativo de mensagem (WhatsApp) e orientações frequentes. Mensalmente, os pacientes faziam a dosagem laboratorial do INR e comunicavam o resultado à equipe e confirmavam o ajuste posológico, que lhes foi entregue. Os pacientes foram convidados no ambulatório de cardiologia do IMIP, se auto selecionaram, receberam orientação, assinaram o TCLE e receberam um quadro de INR para autoajuste. Os controles foram os próprios pacientes que já compareciam mensalmente ao ambulatório para exame e consulta. Desfecho principal: qualidade da anticoagulação medida pelo INR e avaliada pelo TTR do período de telemonitoramento, calculado pelo método de Rosendaal, e comparado ao TTR pré intervenção. Desfechos secundários: complicações da terapia e adesão. Para verificar diferença entre os resultados pré e durante o telemonitoramento, foi examinada a normalidade da distribuição pelo teste de Shapiro Wilk e aplicado o teste não paramétrico de Wilcoxon para amostra pareada, pela mediana do TTR nos períodos. Para ambos foi considerado estatisticamente significante p<0,05. Resultados: Foram captados 28 pacientes, oito (28,5%) desistiram, restando 20 que foram acompanhados até ao final do período (3 meses). O TTR considerado de boa qualidade (≥65%), aumentou de 51,5% (DP±31,2%) no período pré-intervenção para 71,6% (DP±25,8%) com o autocontrole e o telemonitoramento. A média do TTR elevou-se de 30% (n=6) para 60,0% (n=12) com a intervenção e não houve registro de complicações pelo uso do anticoagulante e automonitoramento. Conclusão: A estratégia de acompanhamento remoto do uso do anticoagulante, fundamentado nos princípios do cuidado centrado na pessoa, melhorou o controle e mostrou ser efetiva e segura para este grupo. A abordagem promoveu o

empoderamento dos paciente e possui potencial para melhorar a adesão e reduzir complicações tromboembólicas e hemorrágicas. Palavras-chave: Monitoramento Remoto de Pacientes; Telemedicina; Anticoagulante/ Varfarina; Coeficiente Internacional Normatizado; Cuidados de Assistência à Saúde; Cuidado Centrado no Paciente.