Perfil das tentativas de suicídio por intoxicação exógena no Brasil no período de 2007 a 2017

Abstract

Intoxicação exógena pode ser definida como a manifestação de efeitos adversos tóxicos ou bioquímicos, produzidos por um agente químico ou físico, em decorrência de sua interação com o sistema biológico; configurando um acidente ou uma tentativa deliberada de assassinato ou suicídio. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico das tentativas de suicídio por intoxicações exógenas no Brasil, de 2007 a 2017. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo de dados secundários referentes aos registros provenientes das fichas de investigação dos casos de tentativas de suicídio por intoxicação exógena, no Brasil, notificadas no DATASUS, no período de 2007 a 2017; considerando fatores como: agente tóxico, circunstância, evolução, idade, gênero, escolaridade, tipo de exposição e região. Resultados: Foram notificados 292.930 casos de tentativas de suicídio por intoxicações exógenas, no Brasil; sendo 198.718 notificações de intoxicações por medicamentos. Referente ao gênero constatou-se 206.730 notificações para o sexo feminino. Como desfecho, 240.101 casos resultaram em cura sem sequela. A faixa etária mais prevalente foi de 20 a 39 anos, com 151.446 casos. Sobre o tipo de exposição, a forma aguda única, com 211.782 casos, seguida por exposição do tipo aguda repetida com 38.901 casos. Quanto à escolaridade, 36.924 casos para indivíduos da 5ª a 8ª série incompleta do Ensino Fundamental; seguida por indivíduos com Ensino Médio completo, totalizando 36.470 dos registros. A região com maior número de casos de exposição aos intoxicantes foi a Sudeste, com 147.656 notificações. Conclusão: Constata-se a necessidade de se considerar o comportamento suicida como um problema de saúde pública em ascensão no Brasil e investir em políticas públicas para sua prevenção. Sugere-se o desenvolvimento de novos estudos epidemiológicos acerca das tentativas de suicídio por intoxicação exógena em outras realidades, a fim de consolidar informações que proporcione a criação e o fortalecimento de estratégias e políticas preventivas por parte dos gestores públicos.