Condições socioeconômicas e comportamentais de mulheres transexuais submetidas à cirurgia de redesignação sexual em um hospital do nordeste

Abstract

Frente à recente regulamentação da cirurgia de redesignação sexual pelo SUS, o artigo analisa as características sociodemográficas e comportamentais de mulheres transexuais que se submeteram a esse procedimento. É um estudo observacional, descritivo, do tipo estudo transversal, aplicado em mulheres trans que fizeram a cirurgia de redesignação sexual no HC da UFPE e que são acompanhadas pelo Espaço Trans do HC, com uma amostra de 16 pessoas. Foram encontradas altas taxas de prostituição (35,30%), dado que está associado tanto à violência quanto a risco para ISTs, apesar de não ter sido encontrados de casos de infecção por HIV. Foram apresentados também altos índices de violência (75%), principalmente em lugares públicos (62,50%), e altos índices de hormonioterapia sem acompanhamento médico (56,30%). Complicações pós-operatórias foram baixas (18,80%), reforçando a ideia de que a transgenitalização por inversão peniana é uma cirurgia segura. Em nosso estudo, encontramos que 29,4% das entrevistadas realizaram implantes mamários, 18,8% rinoplastia e 12,5% raspagem de cartilagem tireóide como procedimentos cirúrgicos relacionados e adicionais ao processo transexualizador. Esses dados revelam uma oferta insuficiente do SUS, no que se refere à quantidade e variedade de serviços oferecidos, associado à exigência de condições que não contemplam diferentes necessidades. A partir da análise dos dados, foi possível visualizar a necessidade de conhecer as pessoas que procuram os recursos do Processo Transexualizador do SUS, a fim de atender às suas demandas e fornecer uma atenção integral e individualizada, respeitando a singularidade de cada indivíduo