Perfil clínico-epidemiológico e risco de mortalidade dos pacientes com Covid-19 internados em unidades de terapia intensiva no ano de 2020 no Brasil

Abstract

RESUMO Introdução: A doença do coronavírus 2019 (COVID-19) é um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No entanto, os fatores de risco para óbito precisam ser melhor determinados em relação aos pacientes internados na UTI e aos pacientes submetidos a diferentes métodos de suporte respiratório. Objetivos: Determinar o perfil clínico e epidemiológico, bem como avaliar os fatores de risco de mortalidade, entre pacientes com COVID-19 internados em UTI durante o ano de 2020 no Brasil. Métodos: Foram analisados a partir do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe, dados secundários de pacientes adultos hospitalizados com diagnóstico de COVID-19, confirmados por teste de reação em cadeia da polimerase em tempo real, no Brasil. Foi realizada regressão logística e as variáveis com valores de p < 0,15 foram testadas sequencialmente em modelo multivariado. Resultados: Este estudo avaliou 116.640 pacientes internados na UTI e identificou que 49% dos pacientes necessitaram de ventilação mecânica invasiva (VMI); a mortalidade na UTI foi de 58,3%. Pacientes com COVID-19 submetidos à VMI tiveram o pior risco de óbito (aOR= 10,24; IC 95% 9,76 - 10,75; p < 0,001). Nos pacientes em VMI, aqueles com idade superior a 70 anos apresentaram maior risco de óbito (aOR = 5,26 IC 95% 4,93 - 5,61; p < 0,001), seguidos por pacientes com idade entre 60 - 69 anos (aOR = 2,36 95 % CI 2,21 - 2,52; p < 0,001) e pacientes com doença renal (aOR = 2,06 95% CI 1,83 - 2,33; p < 0,001) ou câncer (aOR = 1,83 95% CI 1,55 - 2,16; p < 0,001). Conclusão: Os pacientes brasileiros graves com COVID-19 apresentam alta mortalidade, múltiplos fatores de risco influenciam no desfecho de óbito, mesmo em pacientes que recebem diversas formas de suporte respiratório. Medidas preventivas precisam ser tomadas e/ou mantidas para pacientes de alto risco com COVID-19 em estado crítico. Palavras-chave: COVID-19; UTI; risco; mortalidade; Brasil.