Insegurança alimentar e padrões de consumo em pacientes em tratamento hemodialítico: análise das correlações entre indicadores socioeconômicos e nutricionais

Abstract

RESUMO

Este estudo investigou a insegurança alimentar e sua relação com o consumo alimentar de pacientes com doença renal crônica (DRC) em hemodiálise, considerando que a condição impõe restrições físicas, sociais e dietéticas que comprometem a qualidade de vida (Neves et al., 2020; Luz et al., 2022; Silva & Lima, 2023). Trata-se de um estudo transversal, baseado em banco de dados secundário, realizado no Centro de Hemodiálise do IMIP, com amostra não probabilística de 160 pacientes adultos e idosos (De Albuquerque et al., 2024). Foram utilizados um questionário socioeconômico, a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e um questionário de consumo alimentar (Brasil, 2014; Bezerra et al., 2020). O perfil sociodemográfico revelou predominância de adultos (70%), renda familiar de até dois salários mínimos (71,2%) e desemprego elevado (58,1%) (Ferreira, 2024). A análise de correlação de Pearson demonstrou associações significativas entre itens da EBIA, indicando progressão consistente da insegurança alimentar. Observou-se que a preocupação com a falta de alimentos correlacionou-se fortemente à redução da variedade alimentar (r = 0,753; p < 0,01) e à diminuição da quantidade consumida (r = 0,677; p < 0,01). Entre domicílios com crianças, houve correlações fortes entre indicadores de insegurança moderada e grave. No consumo alimentar, a insegurança refletiu-se na redução de alimentos de maior custo e em padrões alimentares irregulares (Ciriaco, 2023; Santos, Martarolli & Borges, 2025). A discussão evidencia que a insegurança alimentar manifesta-se tanto em dimensões perceptivas quanto comportamentais, reforçando seu caráter estrutural e multidimensional, relacionado às condições socioeconômicas e à restrição dietética imposta pela DRC (Neves et al., 2021; Silva & Steluti, 2025). Conclui-se que compreender a insegurança alimentar em pacientes dialíticos é essencial para subsidiar intervenções nutricionais efetivas e políticas públicas que promovam equidade e adesão ao tratamento (Bem-Lignani et al., 2020; Paula & Zimmermann, 2021).

Palavras Chaves: Doença Renal Crônica, Insegurança Alimentar, Segurança Alimentar