Terapia nutricional enteral precoce e fatores que dificultam a adequação calórica-proteica de pacientes críticos

Abstract

Introdução: O paciente crítico é aquele indivíduo que se encontra em risco iminente de perder a vida ou função de órgão ou sistema. Portanto, o suporte nutricional em Unidade de Terapia Intensiva possui o intuito de corresponder à demanda energética e proteica aumentada exigida pelo organismo a partir da presença de patologias graves, traumas, sepse, infecções e risco nutricional. A intervenção precoce realizada através da oferta de terapia nutricional enteral irá repercutir em benefícios potencializando as próximas intervenções necessárias para a conduta do tratamento. Objetivo: Verificar a ocorrência da terapia nutricional enteral precoce e os fatores que interferem na adequação calórico-proteica de pacientes críticos em terapia nutricional enteral. Métodos: Estudo retrospectivo realizado através de registros das fichas de acompanhamento da nutrição dos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, que foram acompanhados entre os anos de 2019 e 2020, na Unidade de Terapia Intensiva clínica do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, localizado em Recife-PE. Foram registrados dados demográficos (sexo e idade), clínicos (doença prévia, uso da ventilação mecânica, desfecho clínico e tempo de internamento) e parâmetros bioquímicos. A avaliação do estado nutricional ocorreu através do Índice de Massa Corporal. Referente ao suporte nutricional foram registradas as informações como data de início da TNE, tipo de terapia nutricional, se atingiu a cota calórica e proteica. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do IMIP, obtendo o número do CAAE: 51319921.0.0000.5201. Resultados: A amostra foi composta por 106 pacientes, com a idade média de idade 56±15,5 anos com maior percentual para o sexo feminino, uso da ventilação mecânica, diagnóstico de doenças prévias e desfecho clínico de óbito. No que se refere a classificação do estado nutricional, a maioria dos pacientes apresentaram eutrofia. Em relação à oferta de terapia nutricional enteral observou-se que 84,0% dos pacientes receberam de forma precocemente. Quanto a adequação calórica e proteica, a maioria dos pacientes (67,0%) não atingiram o que havia sido prescrito. Como motivos que impossibilitaram a adequação calórica e proteica, pode-se observar maior percentual para resíduo gástrico elevado (32,4%), seguido de instabilidade hemodinâmica (22,5%). Conclusão: As intercorrências relacionadas à Terapia Nutricional interferiram na administração correta da nutrição enteral. Embora a cota calórico-proteica não tenha sido atingida em sua totalidade devido a fatores como a instabilidade hemodinâmica e a própria condição do paciente crítico, a TNE precoce demonstra maiores benefícios considerando que a TNE é a única e/ou principal via de alimentação e nutrição. Palavras-chaves: Unidades de Terapia Intensiva; Nutrição Enteral; Terapia Nutricional; Dietoterapia.