Fatores associados ao desenvolvimento de coloproctopatia actínica crônica e resposta à ablação com plasma de argônio em pacientes com câncer de colo do útero tratadas com radioterapia pélvica no IMIP

Abstract

RESUMO Introdução: o câncer de colo de útero (CCU), um dos tipos de câncer mais comum entre mulheres no mundo, quando localmente avançado, tem como tratamento a radioterapia isolada ou associada à quimioterapia. Entre as complicações da radioterapia, tem sido observado a coloproctopatia actínica (CPA). Apesar de se tratar de uma complicação conhecida, a literatura é escassa quanto a incidência desses sintomas e possíveis fatores associados. Objetivos: analisar fatores associados ao desenvolvimento de CPA e a resposta ao tratamento com plasma de argônio (APA) em pacientes com câncer de colo do útero. Método: foi realizado um estudo de corte transversal com análise de dados secundária de um estudo prévio com mulheres com CCU atendidas no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017. A amostra foi composta por 226 pacientes. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, relacionadas a hábitos de vida, e variáveis clínicas e variáveis relacionadas ao câncer e ao tratamento. Foram calculadas as frequências absolutas e relativas das varáveis e a associação entre as variáveis foi realizada com o teste qui-quadrado de Pearson, adotando um nível de significância de 5%. O estudo original foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisas do IMIP (CAAE: 50034821.1.0000.5201). Resultados: entre as 226 pacientes analisadas 87 (38,5%) apresentaram sintomas de CPA, caracterizado por sangramento retal. Dessas, 59 realizaram colonoscopia diagnóstica sendo confirmada a CPA em 58, representando frequência 25,6%. Entre os fatores associados aos sintomas de CPA, evidenciou-se associações estatisticamente significativas com: braquiterapia (p<0,001), dose acumulada de radioterapia maior ou igual a 7.000cGy (p<0,001) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) (p=0,036). Foi observado que nenhuma mulher com dose de radioterapia pélvica < 4.500cGy apresentou sintomas de CPA. O tempo médio decorrido entre o término da radioterapia e o primeiro sintoma da CPA foi entre 6 e 12 meses, em 48,3% mulheres. Onze pacientes (19%) necessitaram de hemotransfusão em decorrência do sangramento. Entre as 58 mulheres que confirmaram a CPA, 38 (65,5%) realizaram tratamento com APA, sendo que quase a metade (44,8%) realizou apenas 1 sessão e houve ausência de sangramento pós-tratamento em 22 das 38 que fizeram APA (57,9%). Conclusão: evidenciou-se a elevada frequência de CPA na amostra analisada, refletindo no perfil populacional local. Foi observado associação entre a presença de sintomas de CPA e o tratamento com radioterapia pélvica, com ou sem braquiterapia, utilizando dose maior ou igual a 4.500cGy, HAS associada e doses acumuladas de radioterapia superiores a 7.000cGy. Palavras-chave: Neoplasias do colo do útero, radioterapia, proctite