Fatores associados ao brincar de pré-escolares residentes em uma comunidade acompanhados pela atenção primária: um estudo transversal

Abstract

RESUMO Introdução: A brincadeira é essencial para o desenvolvimento físico, social, emocional e cognitivo na primeira infância. O brincar pode envolver ou não brinquedos, estes estruturados ou não. Ao ar livre, as brincadeiras estimulam a participação ativa das crianças e as habilidades de integração sensorial. Todavia, há barreiras para encorajar e garantir o seu acesso igualitário. A Estratégia de Saúde da Família é necessária à promoção de saúde na infância, pois, ao acessar os cuidadores das crianças, viabiliza ações eficazes e de baixo custo, atuando como articulador do Sistema Único de Saúde. Há poucos estudos que explorem o livre brincar e o entendimento dos cuidadores, principalmente nos países em desenvolvimento. Objetivo: Avaliar os fatores associados ao brincar de pré-escolares residentes em uma comunidade de baixa renda. Métodos: Estudo transversal, envolvendo 35 responsáveis por 37 pré-escolares cadastrados em uma Unidade de Saúde da Família em Recife-PE, identificados por conveniência. Utilizou-se formulário com o perfil biológico, socioeconômico e demográfico das crianças e cuidadores; características do brincar; afirmações no formato likert para compreender os conhecimentos dos cuidadores sobre o brincar. Para análise estatística, utilizou-se Epi-Info versão 7.1.3.10 (CDC, Atlanta) e STATA/SE 12.0. Resultados: Todas as cuidadoras entrevistadas eram mulheres e a maioria mães. 31,4% exerciam atividade remunerada. Quanto ao brincar ao ar livre, citou-se quintais e jardins, seguidos da rua de casa. As três maiores dificuldades foram violência, falta de tempo do cuidador e falta de local adequado. 90,1% dos brinquedos preferidos eram estruturados, e 20,8% destes eletrônicos. Questionando diretamente, apenas uma criança não utilizava eletrônicos. Todas concordaram que brincar faz bem para a saúde física e mental das crianças. Houve associação estatisticamente significante (p=0,017) entre as cuidadoras que eram mães e que discordaram que brinquedos eletrônicos eram oferecidos porque ajudam na aprendizagem; entre as que não exerciam atividade remunerada e que concordaram que cuidadores evitam levar as crianças para brincar ao ar livre devido à violência nas ruas (p=0,033); e, ainda, entre as com renda inferior a um salário mínimo e que concordaram sobre os cuidadores evitarem levar as crianças para brincar ao livre devido à falta de espaços adequados (p=0,031). Conclusão: Brinquedos citados foram predominantemente estruturados. Houve exposição excessiva a eletrônicos. A significância estatística encontrada demonstra a necessidade de reforçar importância de brincar ao ar livre e de reconhecer que há aspectos do ponto de vista de saúde pública que precisam ser considerados entre os fatores determinantes para o livre brincar. Palavras-chave: Jogos e Brinquedos; Desenvolvimento Infantil; Cuidadores; Atenção Primária à Saúde; Assistência Integral à Saúde da Criança.