Análise da distribuição da pressão arterial em crianças e adolescentes com doença renal crônica em tratamento conservador no IMIP

Abstract

RESUMO Introdução: A hipertensão arterial é uma das complicações mais comuns da doença renal crônica (DRC), presente em 50% das crianças e adolescentes. Contribui para a mortalidade cardiovascular e é um fator de risco independente para a progressão da doença renal. No entanto, estudos mostram que a hipertensão nesses pacientes geralmente não está controlada. Objetivos: Avaliar os níveis pressóricos em pacientes pediátricos com DRC, identificando a prevalência de hipertensão e fatores de risco associados a essa condição. Metodologia: Foi realizado um estudo de coorte transversal de crianças e adolescentes de 1 a 18 anos, com taxa de filtração glomerular < 60 ml/min/1,73 m2 em terapia não dialítica, acompanhados em hospital de referência em nefrologia pediátrica. Os dados foram coletados por meio da análise de prontuários. Avaliamos dados clínicos, laboratoriais, antropométricos, idade gestacional, peso ao nascer e medicamentos anti-hipertensivos e analisamos possíveis associações com hipertensão. O comitê de ética local aprovou o estudo. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Resultados: Foram estudados quarenta e um pacientes, 26 (63,4%) do sexo masculino, com média de idade de 7,9 anos. Oitenta e oito por cento (n=36) foram diagnosticados com anomalias congênitas dos rins e do trato urinário. Em relação aos dados antropométricos, 6 (14,6%) apresentaram escore z de IMC > +2, 5 pacientes (12,2%), foram de baixo peso ao nascer (<2.500g) e 10 (24,4%) foram prematuros (idade gestacional <37 semanas). As médias das pressões arteriais sistólica e diastólica foram 99,6 ± 13,2 mmHg e 64,2 ± 11,6 mmHg. Sessenta e um por cento dos pacientes (n=25) apresentavam hipertensão. Destes, 14 (56%) apresentavam pressão arterial não controlada. Apenas 11 (26,8%) dos pacientes do estudo estavam no percentil 50 da pressão arterial para altura e idade. A maioria dos hipertensos (84%) fazia uso de monoterapia, sendo as principais classes os inibidores dos canais de cálcio 15 (61%), os inibidores da enzima conversora de angiotensina ou os bloqueadores dos receptores de angiotensina 5 (23%). Em relação à dislipidemia, 23 (56%) apresentavam hipertrigliceridemia, 21 (51%) apresentavam níveis elevados de colesterol total e 15 (36%) apresentavam níveis elevados de colesterol LDL para a idade. Além disso, vinte e sete pacientes (65%) do estudo apresentavam proteinúria. Não observamos associações com hipertensão entre peso ao nascer, idade gestacional, perfil lipídico e proteinúria. Discussão/Conclusão: Encontramos elevada prevalência de hipertensão, sendo metade dos casos com níveis pressóricos não controlados. Apenas 25% dos pacientes do estudo apresentavam pressão arterial no percentil 50 para idade/altura. Além disso, observamos elevada prevalência de dislipidemia e proteinúria, circunstâncias que contribuem para a progressão da DRC e aumentam a mortalidade cardiovascular. Chama a atenção a necessidade de um melhor controle da hipertensão, otimizando o uso de inibidores da enzima conversora ou bloqueadores dos receptores da angiotensina. Palavras-chave: Doença Renal Crônica, Crianças, Hipertensão, Proteinúria.