Fatores de risco cardiovascular em crianças e adolescentes pós-tratamento oncológico

Abstract

Objetivo: Avaliar os fatores de risco cardiovascular em crianças e adolescentes pós-tratamento oncológico. Métodos: Estudo descritivo e transversal, envolvendo 116 crianças e adolescentes no pós-tratamento oncológico com idade entre 5 e 19 anos, de ambos os sexos, atendidos em ambulatório de um centro de referência do nordeste, em julho a outubro de 2017. O estado nutricional e o risco cardiovascular foram analisados com os seguintes parâmetros: Índice de Massa Corporal/Idade, Estatura/Idade, circunferência do braço, dobra cutânea tricipital, circunferência muscular do braço, circunferência da cintura e razão cintura-estatura. Foram coletados também dados socioeconômicos, clínicos e de estilo de vida. A análise estatística foi realizada no programa SPSS versão 23.0, adotando o valor de p < 0,05. Resultados: A amostra foi composta em sua maioria por crianças e adolescentes do sexo masculino (58,6%) com faixa etária entre 10 a 19 anos (65,5%) e portadores de neoplasia do tipo hematológica (63,8%). Observou-se ainda que a maior parte da amostra pertencia às classes econômicas média (C) e baixa (DE) (85,3%) e que a desnutrição esteve presente somente entre os mais pobres (p<0,004). Ao contrário da reduzida prevalência de déficit nutricional, o excesso de peso esteve presente em 28,4% da população analisada, principalmente entre aqueles com 2 a 10 anos fora de tratamento. Além disso, ao considerarmos os fatores de risco cardiovascular essa prevalência apresentou associação estatisticamente significante à frequência observada para obesidade abdominal (33,6%; p=0,00) e à razão cintura-estatura (26,7%; p=0,00). Conclusão: Observou-se uma elevada prevalência de excesso de peso, obesidade abdominal e razão cintura-estatura entre aqueles com 2 a 10 anos pós-tratamento e que tiveram neoplasia hematológica. Tais achados reforçam as sequelas da terapia oncológica, tendo o sobrepeso e a obesidade como um dos destaques como fatores de risco cardiovascular isolados para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Nesse sentido, torna-se crucial o desenvolvimento de ações voltadas para a prevenção primária dessas comorbidades junto a uma equipe multiprofissional nessa população.