Prevalência de síndrome gripal e sintomas da Covid-19 em mulheres transplantadas de rim em um hospital público em Recife

Abstract

RESUMO Objetivos: conhecer a prevalência de síndrome gripal e sintomas da COVID-19 entre mulheres transplantadas de rim e de rim e outros órgãos cadastradas no ambulatório de ginecologia de um serviço público durante a pandemia da COVID-19. Métodos: foi realizado um estudo de corte transversal entre mulheres atendidas em um ambulatório de ginecologia de um hospital terciário em Recife. A coleta dos dados foi realizada por telefone entre os meses de julho e setembro de 2020, período da pandemia da COVID19. Os dados dos formulários foram digitados em planilha Excel® e analisados no programa Stata v.12. As variáveis clínicas e laboratoriais foram apresentadas em tabelas e gráficos em frequências absolutas e relativas. Valores numéricos foram apresentados em medidas de tendência central e dispersão. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisas do IMIP. Resultados: As 91 mulheres do estudo tinham idade entre 22 e 66 anos, com média de 44,7(DP=11,4) anos, 45 (49,5%) eram residentes da Região Metropolitana do Recife, 56 (61,5%) se declararam da cor parda, 53 (58,2%) eram casadas e/ou viviam com companheiro. A maioria (68,1%) referiu receber benefício do Estado e apenas 10 (11,0%) tinham atividade remunerada, 56 (61,5%) das mulheres possuíam 2° grau ou nível superior completo e 40 (43,9%) referiram entre 1 ou 2 filhos. Todas as pacientes faziam uso de mais de um imunossupressor. Em relação ao tempo de órgão transplantados, 42 (46,1%) das entrevistadas haviam realizado o transplante no triênio 2016-2018 e 2 apresentaram outros órgãos sólidos transplantados além do rim, como coração e pâncreas. Os sintomas gripais e de COVID-19 mais prevalentes e sugestivos de síndrome gripal durante o período do estudo foram cefaleia (47,2%), astenia (27,5%), tosse seca (25,3%) e congestão nasal (25,3%). Entre as 19 (20,9%) pacientes que referiram 3 ou mais sintomas e foram classificadas como forte suspeita clínica de COVID-19, 5 tiveram o exame RT-PCR positivo para COVID-19. 75,8% tiveram algum contato com alguém que teve exame positivo para COVID-19, e entre estes, 39,6% eram familiares das mulheres entrevistadas. Conclusão: O estudo sugere que as mulheres transplantadas de rins apresentaram alta prevalência de sintomas gripais e de COVID-19, estando, portanto, numa condição de maior vulnerabilidade ao adoecimento tanto por COVID-19 provavelmente devido ao uso de terapia imunossupressora. Palavras-chave: COVID-19, SARS-CoV-2, Coronavírus, Transplante, Transplante de rim, Transplante renal.